Casa: Cuidado com a armadilha dos juros baixos
- admin
- November 10, 2015
Vive-se um momento histórico com a Euribor em mínimos. Saiba que cuidados ter para evitar que a prestação da casa ameace o seu orçamento quando retomar a normalidade nas taxas.
À medida que a situação económica do país dá sinais de melhoria, cada vez mais portugueses recorrem ao crédito para comprar casa. Nos primeiros oito meses do ano, as famílias contrataram um total de 2.387 milhões de euros em novos empréstimos para a aquisição de habitação, 68% acima do registado no mesmo período de 2014.
O nível historicamente baixo dos indexantes ao mesmotempo que os bancos mostram menor restritividade nos critérios exigidos aos clientes (sobretudo ‘spreads’ mais baixos) sustentam o maior apetite pelo crédito à habitação. Contudo, é necessário ter presente que se vive uma realidade extraordinária. Para quem pretenda contratar um crédito actualmente, há cuidados a ter para impedir que as taxas mínimas das Euribor se transformem numa armadilha no futuro.
A título de exemplo, quem faça um crédito à habitação de 200 mil euros com um ‘spread’ de 1,95% (média dos ‘spreads’ mínimos actuais dos dez maiores bancos) por um prazo de 30 anos, ficará a pagar ao banco uma prestação mensal de 736 euros, tendo em conta a actual média mensal da Euribor a seis meses. No entanto, num cenário extremo, caso este indexante subisse no longo prazo para o valor mais alto que já atingiu durante a sua história – 5,448%, em Outubro de 2008 – o valor da prestação quase duplicaria para 1.384 euros.
É por essa razão que Susana Albuquerque, coordenadora da formação financeira daASFAC, aconselha a que “antes de contratar devemos sempre prever o pior cenário”. Nomeadamente, teremconta a subida de taxa em resultado de subida dos indexantes.
Esta especialista lembra que esta informação já é dada aos clientes pelos bancos quando lhes apresentam a proposta de crédito: designadamente um ou dois cenários de subida de taxa. A opinião de Filipe Garcia, economista da IMF, vai no mesmo sentido, salientando que, apesar de cada caso serumcaso, a tendência dos portugueses vai no sentido de contratarem a prestação que podem pagar no momento inicial.
“O conselho é, naturalmente, não ‘encostarem’ a prestação ao que podem pagar hoje”, recomenda o economista, referindo que em alguns casos, a contratação de um desemprego ou de incapacidade de trabalho pode conferir uma protecção adicional apesar de encarecer o processo. O respeito da margem máxima de 30% de peso dos créditos no orçamento é outra das regras chave para prevenir eventuais derrapagens. Uma das alternativas para minimizar a exposição à evolução das Euribor pode passar também por optar por um crédito de taxa fixa. Susana Albuquerque considera que, dependendo dos objectivos pessoais e financeiros de quem pede o crédito e da perspectiva que tem de evolução do seu rendimento mensal”,esta poderá ser uma boa opção.
“As taxas fixas são mais elevadas mas garantem-nos certeza em relação aquele encargo. Caso o valor total da prestação ou prestações com créditos esteja nos 30%, será bastante aconselhável, emminhaopinião”,defendeaespecialista.
Os analistas esperam, contudo, que enquanto o BCE mantiver as medidas de estímulo e as taxas de referência em mínimos, as famílias deverão continuar a beneficiar de encargos mensais com a casa historicamente baixos. “Nada indica que as Euribor subam a prazo, pelo contrário. O BCE prepara-se para aumentar a expansão monetária e, provavelmente, cortar a taxa de depósito.
As Euribor têm vindo a cair consecutivamente, e os futuros da Euribor a três meses indicam taxas negativas até Dezembro de 2017”, defende o economista.